TRABALHAR NO CAMPO É DURO
E É POR MUITOS CENSURADO
SEMPRE COM POUCO FUTURO
PASSA-SE A VIDA ARRASTADO
Voltas
Quem na pobreza nasceu
Destinado a trabalhar
Tem muito que recordar
Dos tempos que já viveu
Por tanto que já sofreu
Derramando seu sangue puro
Com paixão lhes digo e juro
Quero dizer à Juventude
Mesmo que tenha saúde
TRABALHAR NO CAMPO É DURO
Quem tenha que trabalhar
Para ganhar seu sustento
É com dores e sofrimento
Que sente o tempo passar
Ouvindo muitos chorar
O seu reles ordenado
Anda sujo e esfarrapado
Não é senhor dos seus brios
Enche a barriga aos vadios
E É POR MUITOS CENSURADO
Trabalhar na agricultura
Tirar da terra o produto
É sempre um trabalho bruto
Para qualquer criatura
Quem trabalha a terra dura
Não tem caixa nem seguro
É como o fruto maduro
Que não se chega a colher
Trabalhando até morrer
SEMPRE COM POUCO FUTURO
Trabalhar não aborrece
Para quem saiba concordar
O que é triste é não ganhar
A quantia que merece
Por tudo quanto padece
Nunca foi recompensado
É por todos desprezado
Por mais honesto que seja
Nunca tem o que deseja
PASSA-SE A VIDA ARRASTADO
Mário Paulino Fernandes (Arronches), in "Há tanta ideia perida... (2) - Meu Alentejo tão querido", 2º Encontro de Poetas Populares Alentejanos - Vila Viçosa - 30 e 31 de Julho e 1 de Agosto de 82, Centro Cultural Popular Bento de Jesus Caraça
Sem comentários:
Enviar um comentário