Noto uma tendência que me preocupa: a palavra "pobre" tornou-se obscena. Há hoje uma classe média snob que, quando fala de pobres, fala invariavelmente de outros, desconhecidos e distantes, ou toxicodependentes, ou "sem-abrigo" (porque é politicamente incorrecto dizer "vagabundos"), ou criaturas propensas à criminalidade. Essas pessoas não conhecem (ou fingem, ou esquecem) quem trabalhe ou tenha trabalhado incansavelmente e, ainda assim, não tenha cartões de crédito. É como os analfabetos com mais de 65 anos, que deixaram de contar para as estatísticas sobre literacia. Do mesmo modo, os que trabalham com salários mínimos e contratos precários ou com as pensões mais baixas deixaram de existir em certas visões do mundo.
Sem comentários:
Enviar um comentário