Carlos: Sabes que há investigadores que acreditam que o comportamento de grupos humanos é, de certa forma, previsível?
Pedro: Patético... Podem continuar a sonhar. Achas que algumas vez poderiam ter previsto os ataques de 11 de Setembro?
Carlos: Talvez não. Mas talvez isso se deva ao facto de os grupos terroristas funcionarem em pequenos grupos, as células, como eles lhe chamam. Aí, é mais importante o factor individual, com tudo o que tem de imprevisível.
Pedro: Se os indíviduos têm livre arbítrio, como é que os grupos humanos não o têm, do mesmo modo?
Carlos: Como diz o António Damásio, o livre arbítrio pode existir, mas em pequena escala temporal. Quanto maior a escala temporal, maior é a influência do meio.
Pedro: Não te choca que se trate os seres humanos como meros números para uma estatística?
Carlos: Mas isso faz-se hoje curriqueiramente! Nas sondagens, por exemplo, para prever resultados eleitorais a partir de uma pequena amostra. Nos estudos de mercado, nas empresas de gestão de aplicações financeiras...
Pedro: Aí, há até uma espécie de metacognição que influencia o desenrolar dos acontecimentos...
Carlos: Pois, mas continua a ser em grande escala. Previsível, até certo ponto.
Pedro: Como é que estados, ou mesmo grandes corpos policiais e militares poderão, então, combater os terroristas?
Carlos: Dizia-se da guerra de guerrilha que esta só podia ser feita com o apoio da população e com guerrilheiros muito motivados. Através de estratégias de comunicação eficazes, pode-se atingir estes dois factores.
Pedro: Comunicação... Para haver comunicação, é preciso haver conhecimento do outro. É também preciso conhecer a sua linguagem, ou então obrigá-lo a falar a nossa, o que é mais difícil, porque requer tempo e disposição mental para aprendê-la. Estou ainda a pensar em estratégias não violentas...
Carlos: Há quem pense que há maneiras mais rápidas...
Pedro: Haverá?...
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