sábado, novembro 29, 2008

art saves


(Fonte)

Escondeste-te portanto aí, entre os pináculos da Catedral de Milão, Beleza em estado puro? Tal como apareces, por vezes, numa mancha vermelha sobre uma tela, num recanto escondido de uma exposição?

Seriam tímidos, os mestres desta embriaguez escultórica? Teriam reservas sobre as figuras que lhes calharam em sorte? Podia ser. Mas os seus espíritos estão ali materializados, na pedra, incontornáveis, e tão belos, tão incrivelmente belos...

segunda-feira, novembro 03, 2008

Registo

Jovem somali morta por apedrejamento

LUMENA RAPOSO
Somália. As milícias Al-Shabab, ligadas à Al-Qaeda, conquistaram em Agosto a cidade portuária de Kismayo onde estão a impor a charia - lei islâmica - ao abrigo da qual realizaram a primeira execução pública em dois anos. A de Aisha Duhulow

Crime foi cometido por um grupo de 50 homens

Aisha tinha 13 anos, dizem uns, 23 anos afirmam outros, e foi lapidada - ou seja, apedrejada até à morte - no estádio de Kismayo, a cidade portuária somali agora sob controlo das milícias islâmicas Al-Shabab. Durante o assassínio de Aisha, um familiar seu e alguns espectadores tentaram socorrê-la, o que fez com que os milicianos disparassem contra a multidão, matando uma criança.

Os extremistas islâmicos, associados à Al-Qaeda, justificaram a "misericordiosa execução" alegando que Aisha Ibrahim Duhulow praticou adultério, um crime de honra punido com a morte. Mas a família de Aisha nega a acusação, afirmando que ela foi violada por três homens e que foi detida quando os denunciou em tribunal. Nenhum dos acusados foi detido, assim como também não consta que tenha havido o julgamento normal para o caso de adultério. Mas Aisha foi morta. E de forma extremamente violenta.

No estádio de Kismayo, onde se encontravam cerca de mil espectadores, revela o diário britânico The Guardian, foi aberto um buraco no chão onde colocaram Aisha que, manietada de pés e mãos, ainda tentava resistir aos seus verdugos. Um grupo de 50 homens atirou contra ela as pedras que, para o efeito, haviam sido trazidas para o estádio. Por três vezes, Aisha foi retirada do buraco e observada por enfermeiras que atestaram ela estar ainda viva. E o apedrejamento prosseguiu... até à morte.

"O apedrejamento foi totalmente ilógico e nada teve de religioso. O islão não executa mulheres por adultério a não ser que quatro testemunhas e o homem com quem ela cometeu adultério venham a público atestá-lo", disse uma irmã de Aisha, cuja família, revela o Mail online, se afirmou furiosa com o ocorrido e cujo pai garante que a vítima só tinha 13 anos. Era a 13.ª de uma família de seis irmãos e seis irmãs e nasceu no campo de refugiados de Hagardeer, no Sul do Quénia, em 1995, onde a família chegou três anos antes em fuga de Mogadíscio. Aisha, que sofria de epilepsia, estaria de regresso à capital somali e teve de parar na cidade Kismayo, que as milícias extremistas capturaram no passado mês de Agosto.

A lapidação de Aisha foi condenada pela presidência da União Europeia e pela Amnistia Internacional, enquanto as milícias Al-Shabab prosseguem a sua política de radicalização da sociedade de Kismayo.

DN, 3.11.08