A viagem providencial do tenente Bligh entre as ilhas Tonga e Timor, após a revolta na Bounty, aqui deixada na versão de Sir John Barrow, termina aqui. (Admito que foi uma transcrição egoísta, a que nem tirei as serifas porque não contava que alguém lesse - embora eu não me importe de ler Camus ou Steinbeck no ecrã...)
Dos dezanove homens iniciais, dezoito chegaram a Timor. Desses, alguns sucumbiram entretanto à doença e não chegaram a Inglaterra. O tenente Bligh conseguiu fazer chegar esses homens a Timor, depois de muito navegar, calcular rações mínimas e mentalizar os desgraçados dos perigos que corriam, com mantimentos para cinco dias em circunstâncias normais.
Mais tarde, Bligh testemunharia a sua convicção de que nunca teriam recorrido ao canibalismo, preferindo morrer de fome como se de uma doença se tratasse. Há anos, tivemos notícia de um caso desesperado, mas o consumo da carne humana continua tabu (talvez por instintivamente sabermos dos seus perigos?). No entanto, continuam a exploração e o assassínio de semelhantes, mesmo agora, no século XXI, em que se enviam sondas para Plutão e em que a razão permitiu a compreensão de fenómenos imensamente complexos. E, paradoxalmente, os povos cuja cultura assenta em livros sagrados são justamente os que mais se matam irracionalmente.
Quando haverá respeito pela vida humana?
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