quarta-feira, julho 12, 2006

Uma viagem providencial (XV)

A grande barreira de recifes

Bligh não se enganara: na manhã de 28 de Maio, o homem do leme ouviu o fragor da rebentação nos escolhos. Era a Grande Barreira de Recifes, ou Barreira de Coral, que se estende ao longo da costa oriental da Nova Holanda. Surgiu então o problema (e quão angustiante!) de encontrar uma passagem. Bligh declarou que era preciso tentar fazê-lo sem perda de um minuto.

A perspectiva de alcançar, finalmente, uma zona de águas calmas e de encontrar de comer e beber renovou a coragem dos homens da chalupa. À sua frente, por todos os lados, as vagas rebentavam com furor sobre os recifes; mas para lá deles, a água surgia tão calma, tão lisa, que saboreavam já, em imaginação, as recompensas que imaginavam esperá-los quando transpusessem a Grande Barreira.

Após longa exposição, descobriram finalmente uma passagem com um quarto de milha de largura. A chalupa entrou nela, com a forte corrente que a empurrava para oeste, e não tardou a encontrar-se numa zona de águas calmas: acto contínuo, todas as duras provações passadas foram esquecidas.

Não se esqueceram porém de elevar a Deus uma acção de graças, reconhecidos por lhes ter concedido a Sua generosa protecção. Em seguida devoraram, com prazer, a sua mísera ração de dezoito gramas de pão e quinze centilitros de água.


Sir John Barrow, "Revolta na Bounty", tradução de Fernanda Pinto Rodrigues, Publicações Europa-América, 1972

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