A ilha do Domingo
A 31 de Maio desembarcaram numa dessas ilhas, a que deram o nome de «ilha do Domingo». Escreve Bligh: «Decidi mandar dois grupos em reconhecimento, um para o norte e outro para o sul, com a missão de procurarem víveres; os restantes homens ficariam na praia, perto da chalupa. Desta vez, o esgotamento e a fraqueza sobrepuseram-se ao sentimento do dever, e alguns, pelo menos, proclamaram o seu descontentamento, afirmando que tinham trabalhado mais do que os outros, e disseram-me que preferiam passar sem almoço a ter de procurá-lo. Um, em especial, chegou a gritar-me, em tom de revolta, que era tanto como eu e que não arredaria passo dali. O momento era crítico: quem podia prever o que sucederia se a crise não fosse sufocada a tempo? Resolvido a acabar de uma vez para sempre com semelhantes querelas, decidi solucionar aquela, recorrendo aos meios extremos. Das duas uma: ou mantinha intacta a minha autoridade, ou morreria tentando preservá-la. Apanhei dois alfanges, atirei um ao rebelde e ordenei-lhe que se defendesse. Tanto bastou para que soltasse grande gritos e bradasse que o queria assassinar. Acabou no entanto por pedir-me desculpa. Como o meu maior desejo é o bom entendimento da tripulação, não insisti e a calma voltou a reinar.»
Nesta ilha encontraram ostras, palurdas, uns peixes chamados cães-do-mar e uns feijões pequenos que o botânico, Mr. Nelson, classificou de dólicos.
Sir John Barrow, "Revolta na Bounty", tradução de Fernanda Pinto Rodrigues, Publicações Europa-América, 1972
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