Aumenta a miséria dos homens da chalupa
Na noite de 4 para 5, a tempestade diminuiu de intensidade. Na manhã de 5, Bligh verificou o estado do pão: grande parte estava estragada e bolorenta, mas, em vez de deitá-lo fora, guardou-o cuidadosamente.
Embora a chalupa navegasse agora entre ilhas, a recordação do acolhimento dos indígenas de Tofoa era ainda demasiado viva para que tivessem vontade de aventurar-se em terra. A 6 viram ainda, de longe, algumas ilhas e, pela primeira vez, um peixe mordeu o anzol. Mas a sua alegria foi de pouca duração: "ficámos terrivelmente decepcionados - diz o comandante - porque o perdemos ao içá-lo para bordo." À noite, cada um recebeu para jantar trinta gramas de pão deteriorado e o seu sétimo de litro de água.
"Facilmente se imagina - observa o tenente Bligh - que lutámos com falta de espaço numa embarcação tão miserável." Tentou remediar a situação, estipulando que os homens descansassem por turnos: metade sentada e a outra metade estendida no fundo do barco. Mas apenas o céu os abrigava.
Bligh observa que sofriam de cãibras horríveis, por não poderem estender suficientemente os membros. As noites eram tão frias e estavam sempre tão molhados que, após algumas horas de sono, só com grande dificuldade se conseguiam mexer. Quando despontou a madrugada do dia 7, era tão grande a miséria física daqueles infelizes que, diz Bligh, "mandei distribuir um pequeno-almoço composto de uma colher de rum e de um pedaço de pão".
Sir John Barrow, "Revolta na Bounty", tradução de Fernanda Pinto Rodrigues, Publicações Europa-América, 1972
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