sexta-feira, junho 16, 2006

Empregos

"Já não há empregos", ouve-se frequentemente. Habituamo-nos, portanto, ao trabalho sem direitos, sem contrato, com salários abaixo do salário mínimo, aos estágios sucessivos sem vencimento "para fazer currículo", aos recibos verdes sem direito a subsídio de doença nem a subsídio de desemprego. O trabalho não qualificado é preferencialmente para os imigrantes, pela fragilidade que facilita a exploração. Entre part-times e trabalho temporário, passa-se rapidamente da situação de falta de experiência profissional para a de idade avançada para o mercado de trabalho. O especialista não é valorizado, porque o mais importante é a "flexibilidade". Sem "conhecimentos", não há acesso a muitos postos de trabalho. E o empreendedorismo é só para quem pode.

No entanto, a maior despesa fixa dos comuns mortais, a habitação, requer rendimentos fixos. Não podemos ser todos Cortos Malteses, viver em constante aventura deambulante. Uma profissão ajudava, em tempos idos, a estruturar uma identidade em cada trabalhador. Agora, para preencher o vazio, restam os comprimidos mágicos, as telenovelas, os reality-shows, o futebol.

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