terça-feira, abril 18, 2006

Relógio

O médico tinha-lhe dado um ano de vida. À sua frente, várias pilhas de livros para ler. Nunca tinha aprendido a calendarizar a leitura. Alteravam-lhe qualquer tentativa de sequência planeada os livros oferecidos, emprestados, aparecidos em livrarias em dias de chuva, ou simplesmente concordantes com o fim de livros anteriores. O tempo para ler um livro, isso nem valia a pena tentar antever. Os mais finos e de versos curtos podiam ser os mais demorados, as epopeias podiam ler-se de uma vez sem perder o fôlego, e os contratempos fora do papel podiam sempre trocar-lhe as voltas. Como agora. Como fazer?

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