sexta-feira, janeiro 27, 2006
(Paul Gaugin, Espírito dos Mortos Vigiando, "Manao tupapau")
Em terras remotas, a presença dos mortos entre os vivos é permanente. Deixam-se-lhes porções de comida e bebida às refeições e têm poder para ditar a sorte dos vivos. Tudo isto acontece naturalmente, como se respira.
Interrogo-me sobre até que ponto aquilo que somos ou julgamos ser, individual e colectivamente, é dependente de pressupostos religiosos, mais ou menos conscientes. A nudez da rapariga do quarto de Gauguin, que é também a transparência da sua alma perante o espírito dos mortos, seria possível numa sociedade ocidental materialista e individualista? Se não, o que lhe equivale?
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