Quem passou pelo Rossio e viu aquela cara não se esqueceu, seguramente. Eu vi-o, pela primeira vez, de repente, a menos de um metro de distância, num dia em que a rua estava bastante movimentada. A reacção instintiva é desviar o olhar, tal é a surpresa e a estranheza perante o que se vê.
Na noite passada, foi transmitida na televisão a história de um menino indonésio de dois anos com um tumor gigantesco na cara, que fazia lembrar o homem do Rossio. Uma fundação pagou as despesas para que pudesse ir com o pai ser operado em Taiwan. Em quatro operações sofisticadas, recuperou a visão dos dois olhos, que estavam escondidos no meio do tumor, e foi-lhe moldada uma cara que assentou numa ossatura muito alterada e que o fez parecer um menino quase normal. Quando for adulto e tiver os ossos completamente formados, vai precisar de mais cirurgias estéticas.
Pergunto-me se foi tentado tudo para tratar o nosso homem do Rossio. Se alguém sabe a sua história. A tragédia desse homem é também um pouco partilhada por quem passa por aquele local. Não bastando a deformidade, teve ainda necessidade de mendigar. Para mim, a sua presença e a exposição da sua cara é uma lição, uma oportunidade para pensar. Mas gostava mesmo era de saber que o senhor tinha sido tratado e estava bem. Se alguém souber alguma coisa, pode deixar informações na caixa de comentários. Obrigada.
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