quinta-feira, maio 04, 2017

Lisboa não é francesa

Venho aqui lamentar-me por três prédios com recuperações falhadas em Lisboa.

1. Tenho especial estima pela Rua Braamcamp, onde brinquei nuns baloiços de um terraço quando era criança. Qual não foi o meu espanto quando vi aquele grande prédio azul claro com decorações rococó em branco a ser recuperado com um acrescento envidraçado de mais alguma altura do que o prédio tinha originalmente. Decididamente, era feio e batoteiro, aquele acrescento. Depois veio a saber-se que José Sócrates e a mãe (e um amigo?) tinham comprado andares nesse prédio recuperado.

2. A Avenida da Liberdade é um desconsolo pela desarmonia entre os prédios. Se podíamos sonhar estar nos Champs Elisées olhando para as carreiras de árvores (maravilhosas!), os prédios tiravam-nos logo as dúvidas. Há alguns anos apareceu na avenida um prédio baixo renovado, pintado de verde garrido. O rés-do-chão estava ocupado com uma ótica. Era, de longe, o prédio mais feio da avenida.

3. Na Avenida da República, durante vários anos, houve uma esquina em obras, sempre com um polícia por perto. Ao que parece, fizeram um grande parque de estacionamento por baixo do edifício, que agora aceita avenças de parqueamento em várias modalidades. O edifício é agora um hotel de quatro estrelas. Foi repetida a graça do edifício azul da Rua Braamcamp; vários andares envidraçados foram acrescentados ao edifício original. Como se não bastasse, há uma espécie de autocolante com a cara gigante de uma pretensa estrela dos anos dourados de Hollywood, que em nada embeleza o edifício.

Não percebo. Não há quem tome conta do aspeto das maiores artérias da nossa capital?

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