Fiquei muito contente com a vitória dos irmãos Sobral e de Portugal no Festival da Eurovisão. Já cantarolei a canção umas quantas vezes, até porque é dessas que se cola ao ouvido e à cabeça.
As versões em várias línguas que vemos no Youtube mostram como a melodia do tipo "balada da Disney" é na verdade uma típica balada de festival da Eurovisão, e a interpretação jazzística é que lhe deu mais algum valor. (Mas o jazz é assim tão original hoje, depois de tantas décadas de experimentação? A influência brasileira, que não sei explicar, é que está muito bem.)
O tema do amor (perdido) é como os pôres-do-sol. Sempre iguais, e sempre parte nova da experiência humana, geração após geração. Valeu a letra não ter uma métrica manhosa, tão comum nos cantautores de hoje em dia, que também cantam banalidades a soar a anos 70, mas que pensam que são Mozarts. A situação do narrador da letra da canção, de deixar de ser amado e querer convencer a outra parte a dar-lhe mais uma oportunidade... tem que se lhe diga.
O Salvador Sobral diz que nunca viu um festival da canção, mas é difícil de acreditar, tendo em conta que, entre os dois irmãos, houve três participações em concursos musicais em televisão, além de terem um percurso académico e profissional (?) ligado à música. (Também começou por dizer que não estava nas redes sociais, para acabar por admitir que tinha estado viciado no Facebook, que via várias vezes ao dia no seu iPhone...) Enfim, se não houvesse festivais da Eurovisão ("o maior acontecimento musical do planeta"), talvez não tivessem existido os Abba como existiram, e todas as "boas vibrações" que trouxeram ao mundo, e seria uma pena.
Valeu a simpatia e moderado talento dos irmãos, além da impressionante condição de saúde do Salvador.
Houve outras boas canções (de plástico?) portuguesas nos festivais, pelo menos entre 1964 (António Calvário, "Oração") e 1994 (Sara Tavares, "Chamar a Música"). A canção da Lúcia Moniz passou-me completamente ao lado.
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