quinta-feira, dezembro 21, 2006

Por detrás de uma pedra do abrigo, um papel esquecido

[exercício de escrita falhado]


K.

Senhor Doutor, espero que me possa ajudar. Vim consultá-lo porque cheguei à conclusão de que, sozinho, não consigo superar a dor que sinto dentro de mim. Não é uma dor física, é um sofrimento mental, mas nem por isso é menos intenso. A minha mulher pediu o divórcio, vai para três meses, e vai às consultas de aconselhamento familiar apenas para cumprir uma formalidade. Diz que já não me ama, e que o tempo não volta para trás. Ah!, Senhor Doutor, não sabe o que é, sentir este abandono, por parte de quem era a pessoa mais importante para nós. Os meus familiares e os meus amigos bem tentam animar-me, dizem-me que ela não me merece, mas o que eu sinto é apenas uma brutal solidão. Como se, de repente, fosse um lobo colocado no mundo, condenado a vaguear para sempre sozinho por entre florestas negras. Porque... Doutor... nunca mais me vou apaixonar. Pelo menos, nunca mais com a entrega com que estive com esta mulher. Estou cheio de frio! É o que me acontece agora, todas as noites, quando me vou deitar. Não consigo adormecer porque sinto a falta do calor do corpo dela. Por isso, parece que me sinto num congelador. Senhor Doutor, não sei como poderá ajudar-me. Como poderá devolver algum sentido à minha vida, se perdi a minha companheira que elegi de entre todas as mulheres e a quem amei de corpo e alma!

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