segunda-feira, março 27, 2006
Draft: O barco em que estamos no século XXI
O percurso até à laicidade do Estado demorou séculos nas sociedades de tradição judaico-cristã. Poderá ser acelerado onde ainda não foi completamente percorrido, agora que se lhe conhecem as fases? No caso das sociedades islâmicas, identifico uma diferença relativamente ao percurso ocidental. Trata-se da crença islâmica, muito presente, de ser a sua a única religião verdadeira, por ter sido a da última revelação. Se essas sociedades demonstram um complexo de inferioridade em relação ao Ocidente no que toca ao desenvolvimento económico e, mais especificamente, à tecnologia, já em relação a estilo de vida, não deixam de encarar as liberdades ocidentais como provas cabais de que somos infiéis detestáveis. Por isso, se o renascimento europeu se fez com a descoberta da herança árabe, que havia preservado, em parte, a tradição grega, não é claro que o mundo islâmico, a intelectualidade islâmica tenha a humildade para conhecer e integrar no seu pensamento muitos séculos de pensamento ocidental.
À luz de um qualquer darwinismo social, e já que a vontade islâmica para não se misturar culturalmente parece ser muito forte, e havendo, por enquanto, a vantagem do petrodólares e, depois, das ninhadas de filhos da ignorância e da subnutrição, os muçulmanos e a sua cultura vão continuar a coabitar com a civilização ocidental, mesmo que esta esteja mais bem adaptada.
Mas será que as fronteiras de sobreposição, tornando-se mais latas, não acabarão por colocar a humanidade em risco?
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