terça-feira, janeiro 09, 2007

Never-end-um

Os defensores do Não no referendo sobre a despenalização da IVG argumentam que alguns defensores do Sim pretendem fazer sucessivos referendos até que o Sim ganhe. A falta de vontade da maioria em voltar a debater o assunto parece dar-lhes razão. E uma nova vitória do Não reforçará o argumento. De facto, o que muda em oito anos? A renovação demográfica e a consciência dos hipócritas? Uma mais lúcida visão do mundo? Será suficiente? O alheamento dos mais novos da política e da participação cívica é evidente.

Por outro lado, se o Sim vencer, mas com um resultado não vinculativo, é bem possível que os defensores do Não passem a ser os novos defensores de um novo referendo, logo que surja a oportunidade. Afinal, não há cada vez mais discussão para restringir o aborto, na Europa e nos Estados Unidos? Se não defenderem novo referendo, hão-de agarrar-se às posições mais conservadoras dos conselhos de ética dos médicos.

Entretanto, parece que o que realmente tem impedido a prática das IVG não é a lei, mas sim o conservadorismo da Ordem dos Médicos, que nenhum referendo terá capacidade de vencer vinculativamente. Se assim for, algum dia lá terão os nossos representantes democraticamente eleitos de "pôr as mãos na massa". Neste caso, é provável que fiquem mais limpas.

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