quarta-feira, novembro 23, 2005
Lindo!
Eugénio de Andrade (ele mesmo),
via Almocreve das Petas
O lugar da casa
Uma casa que fosse um areal
deserto; que nem casa fosse;
só um lugar
onde o lume foi aceso, e à sua roda
se sentou a alegria; e aqueceu
as mãos; e partiu porque tinha
um destino; coisa simples
e pouca, mas destino:
crescer como árvore, resistir
ao vento, ao rigor da invernia,
e certa manhã sentir os passos
de abril
ou, quem sabe?, a floração
dos ramos, que pareciam
secos, e de novo estremecem
com o repentino canto da cotovia.
(Eugénio de Andrade, "O Sal da Língua")
Saúde, fraternidade e um beijinho agradecido, caro blogger bibliófilo!
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