«À República de Genebra
(...) Meus caros concidadãos, ou, antes, meus irmãos, uma vez que os laços do sangue, do mesmo modo que as leis, nos unem a quase todos (...). Para vós, a felicidade está realizada, nada mais é preciso do que aproveitá-la, e não tendes necessidade, para vos tornardes perfeitamente felizes, senão saberdes contentar-vos com sê-lo. A vossa soberania, adquirida ou reconquistada na ponta das espadas e conservada durante dois séculos à força de valor e de sabedoria, é enfim plenamente e universalmente reconhecida. Tratados honrosos fixam as vossas fronteiras, asseguram-vos os direitos e tornam firme o vosso repouso. A vossa constituição é excelente, ditada pela razão mais sublime e garantida por potências amigas e respeitáveis; o vosso Estado é tranquilo, não tendes nem guerras nem conquistadores a temer; não tendes outros mestres que leis sábias que vós próprios fizestes, administradas por magistrados íntegros por vós também escolhidos; não sois demasiado ricos para vos debilitardes pela preguiça e perderdes em vãs delícias o gosto da verdadeira felicidade e das sólidas virtudes, nem demasiado pobres para terdes necessidade de mais ajuda estrangeira que aquela que vos provém da vossa indústria; e esta preciosa liberdade que nas grandes nações só se consegue manter à custa de impostos exorbitantes, a vós quase nada vos custa a conservar.»
(Jean-Jacques Rousseau, in "Discurso sobre a origem e fundamentos da desigualdade entre os homens")
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