segunda-feira, julho 25, 2005

No melhor dos mundos...

«À República de Genebra

(...) Meus caros concidadãos, ou, antes, meus irmãos, uma vez que os laços do sangue, do mesmo modo que as leis, nos unem a quase todos (...). Para vós, a felicidade está realizada, nada mais é preciso do que aproveitá-la, e não tendes necessidade, para vos tornardes perfeitamente felizes, senão saberdes contentar-vos com sê-lo. A vossa soberania, adquirida ou reconquistada na ponta das espadas e conservada durante dois séculos à força de valor e de sabedoria, é enfim plenamente e universalmente reconhecida. Tratados honrosos fixam as vossas fronteiras, asseguram-vos os direitos e tornam firme o vosso repouso. A vossa constituição é excelente, ditada pela razão mais sublime e garantida por potências amigas e respeitáveis; o vosso Estado é tranquilo, não tendes nem guerras nem conquistadores a temer; não tendes outros mestres que leis sábias que vós próprios fizestes, administradas por magistrados íntegros por vós também escolhidos; não sois demasiado ricos para vos debilitardes pela preguiça e perderdes em vãs delícias o gosto da verdadeira felicidade e das sólidas virtudes, nem demasiado pobres para terdes necessidade de mais ajuda estrangeira que aquela que vos provém da vossa indústria; e esta preciosa liberdade que nas grandes nações só se consegue manter à custa de impostos exorbitantes, a vós quase nada vos custa a conservar


(Jean-Jacques Rousseau, in "Discurso sobre a origem e fundamentos da desigualdade entre os homens")

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