Estranhas cenas se nos apresentam às vezes, quando menos esperamos. Vejamos um exemplo. Várias mulheres, de diferentes gerações, que se encontram juntas por motivos profissionais, gozam um momento de descanço. São bonitas e inteligentes e, se não são bem pagas, pelo menos têm um trabalho interessante. Sem cunhas, são mulheres de sucesso, self made. Por uma cumplicidade anterior que me escapa, retomam um tema que já terão abordado. As que falam recordam as suas infâncias de pobreza, na mesa e nas brincadeiras, e também cenas de violência doméstica. ("Sem abrigo", "violência doméstica" - etiquetas tão cómodas para realidades cuja compreensão se escapa entre os dedos, quando as tentamos abarcar.)
Noutro momento, um rosto sorridente que envelheceu em beleza e sabedoria diz: "A menina não faz ideia, vocês agora não fazem ideia, do que era ser-se mulher, antigamente. Uma mulher casada era quase propriedade do marido, não podia divorciar-se, nem sequer ir ao estrangeiro sem o consentimento do marido. Nem sabe as histórias que conheci, (etc.)".
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