Respiro o ar que foi o de dois (como hei-de chamar-lhes?) vultos (?) do pensamento ocidental. Coroados em vida, a sua memória persiste séculos depois de terem deixado de escrever o melhor e o pior um do outro... Um, mais interventivo contra a injustiça do seu presente; o outro, mais ambicioso de conhecimento intemporal (e cometendo grandes erros). Grandes espíritos... Ambos vivos também na minha memória, dos pequenos livros que deles li. (Pequenos livros, grandes ideias; resultado: impressão forte!) Mortos, são mais relevantes do que o rapaz que ao lado planta morangos. E, no entanto... não haverá quem plante morangos com escrita "relevante"?
Se a escrita é quase inevitavelmente acto solitário, a leitura não tem de ser assim: gosto de quem discuta leituras comigo! Por isso, vou falar-vos um pouco sobre as minhas leituras.
Leio três blogs, cujos autores nasceram no mesmo ano. Ano fértil, parece, porque escrevem bem. Não fazem uma "geração"; aliás, o que é isso de geração, nos dias de correm? Um conta boas histórias, outro tem um espírito crítico acutilante e o terceiro interessa-se pelas artes (e pelas louras). Poderia a escrita salvar o mundo? (Ou só quem escreve, como a caridade serve mais a quem dá?) Poderiam estes três salvar alguma esperança num futuro melhor? O segundo (o segundo tipo) seria sempre necessário e, vendo bem, os outros também. Mas há um vazio de ideias novas, e não é só no pequenino rectângulo.
Nestes dias, devíamos todos ir aprender Economia, porque é ela que domina tudo - pelo menos, agora, de forma explícita. Há uma revolta contra este estado de coisas, mas é a revolta errada. Podemos ir ao blog do presidente do Irão para tentar perceber o que temos ainda em comum com essas pessoas que elegem loucos (serão?) que nos querem trazer, mais dia, menos dia, surpresas desagradáveis. Será que também amassam farinha com água e sal? Que agradecem o pão de cada dia?
Voltando ao início. Será que ainda é possível, em algum lugar, a maturação de caracteres nobres como o dos meus dois amigos mortos? Capazes, então, de mudar o mundo, sem ser com armas, sem ser com o poder cego do dinheiro?
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